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sábado, 16 de junho de 2012

Lugar onde hoje é o Lago Paranoá foi uma vila na construção de Brasília




O Lago Paranoá em Brasília esconde segredos e tesouros. Olhando o espelho d’água de 38 quilômetros quadrados não se pode imaginar o que tem no fundo. Para contar essa história, é preciso voltar na época da construção de Brasília. Pouco mais de 50 anos atrás.

Em 1959, os operários que trabalhavam na obra do Congresso Nacional e dos Ministérios moravam em uma vila chamada Vila Amaury, nome de um dos engenheiros envolvidos na aventura da construção da nova capital. Era uma vila “dormitório” onde 16 mil pessoas tinham apenas o domingo para descansar da rotina pesada nos prédios que eram erguidos freneticamente dia e noite.

Mas o vilarejo era provisório. Os moradores foram avisados pelos engenheiros que a vila acabaria – seria inundada quando fosse formado o Lago Paranoá. A represa no Rio Paranoá seria inaugurada em breve. E a água chegaria com o tempo.

Luiz Rufino Freitas era morador da Vila Amaury. “Era o lugar da “peãozada”, relembra. “Tinha uma rua comprida, comércio e bares e, nos fins de semana, serviço de auto-falante pra pedir música”, diz, saudoso. Hoje, com 70 anos, Seu Luizinho, como é conhecido, conta que veio de longe, atraído pela promessa de trabalho e dinheiro farto.

Tinha 19 anos, assim como grande parte dos pioneiros: “Peguei um pau de arara em Piancó, na Paraíba e vim parar aqui. Tô até hoje”. Ele lembra do dia em que as casas foram submersas:“ A vila não desocupou. A água foi subindo e aqueles que viam a água chegando perto da casa, iam embora.

Não há documentação sobre o tempo em que os pioneiros moravam no que hoje é só água. 

Mas a vila submersa continua alimentando a curiosidade de alguns moradores de Brasília.


Levavam o que queriam levar.”
Repórter Claudia Bomtempo se prepara para
mergulho no Lago Paranoá
(Foto: Francisco Almeida/TV Globo Brasília)

Outras fotos:

É o caso do mergulhador Ricardo Santos: “a gente sempre vem aqui. Voltar ao passado na construção de Brasília”. Apaixonado pelo Paranoá, ele guarda em casa objetos que achou no fundo do lago, onde ficava a vila. Vidros, panelas, pratos, xícaras e restos de construção da época.

A repórter do Jornal Nacional Claudia Bomtempo mergulhou menos de 10 metros para encontrar a primeira parede que tombou com o tempo. Os tijolos estavam intactos. Foi possível identificar o piso das casas, as antigas tubulações. Uma vasilha de metal enferrujada, restos de um sapato, vidros que nos levam para o passado. Uma vila inteira, submersa onde hoje fica o Lago Paranoá.


Canoa naufragada a 11 metros de profundidade. (Foto: Beto Barata)


Boneca Vodu, colocada por mergulhadores no fundo do Lago Paranoá. (Foto: Beto Barata)


Árvore do cerrado vista de dentro do Lago Paranoá. (Foto: Beto Barata)


Lápide em homenagem ao mergulhador Cristiano que faleceu nas águas do Lago Paranoá. (Foto: Beto Barata)


Mergulhador Facó vasculha interior de uma Kombi. (Foto: Beto Barata)


Mergulhadores exploram área onde foram encontrados postes a 19 metros de profundidade. Foto: Beto Barata


Ruínas da antiga Vila Amaury no Lago Paranoá. (Foto: Beto Barata)


Ruínas da antiga Vila Amaury que foi submersa pelas águas do Lago Paranoá, após o fechamento das comportas da Barragem do Paranoá. (Foto: Beto Barata)


Mergulhador nada em região chamada de Curral. (Foto: Beto Barata)


Vaso sanitário encontrado nas ruínas da antiga Vila Amaury. (Foto: Beto Barata)


fonte: Brasília submersa

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