O que mais tem no
Brasil é "evanjegue", diz Inri Cristo sobre piadas
"Posso ser louco, mas não
sou bobo", afirma Inri Cristo em entrevista à Folha. Ele será o
protagonista do "Fritada", nesta terça-feira (6), no Teatro das
Artes, que fica no shopping Eldorado (zona oeste de São Paulo).
Autointitulado "emissário do
Pai", Inri está tranquilo em relação ao projeto liderado pelo humorista
Diogo Portugal, em que comediantes fazem comentários ácidos sobre os
convidados. Já estão confirmados para a apresentação Murilo Couto, Fabio Rabin
e Patrick Maia.
"Eu estou acostumado. Isso
aí para mim é um clubezinho, vou participar de um clubezinho. Porque eu sou
inatingível. Podem falar o que quiser."
Para ele, a maioria das pessoas
não o leva a sério por estarem "encabrestadas": "O que mais tem
no Brasil, por exemplo, é 'evanjegue', que são esses que se dizem evangélicos,
porque tem sobre o dorso montado o lobo na pele de ovelha, que lhes chantageia
com o dízimo e lhes confisca 10% de seus miseráveis salários."
E, às vésperas do Natal
(teoricamente seu aniversário), revela que não gosta da data: "O Natal
para mim é uma data comercial. Não existe. É uma coisa inventada pelos homens,
aliás é uma data pagã [...] e foi sempre a data mais triste para mim, em toda a
minha vida".
Inri lidera sua própria igreja, a
Soust (Suprema Ordem Universal da Santíssima Trindade), em Brasília, cidade que
considera ser a "Nova Jerusalém".
Embora viva na capital executiva
do país, ele ressalta que não tem nenhuma aspiração política: "Eu nunca
vou ser candidato a nada, nunca. Eu já vim com um mandato de meu Pai".
Para propagar as ideias de Inri,
suas discípulas resolveram gravar vídeos inspirados em músicas de artistas
famosos, como Britney Spears, Amy Winehouse e Justin Bieber.
"Isso surgiu de uma
brincadeira. A princípio, quando nem sequer existia Youtube, algumas discípulas
cantavam músicas de MPB antigas que Inri apreciava, como forma de alegrar o
ambiente. Até que em meados no ano 2007, resolvemos gravar uma paródia da
música 'A Banda', de Chico Buarque", conta a discípula Adeí Schmidt.
Leia o bate-papo com Inri Cristo:
Guia Folha - Como estão os
preparativos para o Natal?
Inri Cristo - O Natal para mim é
uma data comercial. Não existe. É uma coisa inventada pelos homens, aliás é uma
data pagã [...] e foi sempre a data mais triste para mim, em toda a minha vida.
Porque é a data em que eu vejo o rico humilhando o pobre. É data em que os
filhinhos de rico podem mostrar os presentinhos que ganharam. enquanto os
pobrezinhos ficam lá e, quando muito, recebem uma migalha...algum brinquedinho,
às vezes, sobra pra eles. Então é uma data muito triste para quem enxerga as
coisas com os olhos que eu enxergo.
Por que acha que a maioria das
pessoas não te leva a sério?
Porque muitas estão
encabrestadas. Então uma pessoa encabrestada, igual a um jegue, tem que
obedecer ao dono do cabresto. Eu estou falando que é a maioria. Mas é claro que
tem os livres pensadores, os seres "raciocinantes", que caminham
eretos. Estes me olham, me ouvem, me questionam e formam o juízo pessoal, sem
consultar dono de cabresto nenhum. Só aqui em Brasília tem 5.000 seitas --são
5.000 donos de cabrestos--, então é claro que mesmo aqui em Brasília, que é a
Nova Jerusalém, no Apocalipse 21,
a maioria está encabrestada. O que mais tem no Brasil,
por exemplo, é "evanjegue", que são esses que se dizem evangélicos,
porque tem sobre o dorso montado o lobo na pele de ovelha, que lhes chantageia
com o dízimo e lhes confisca 10% de seus miseráveis salários. Eu não gosto de
ser contundente, mas sou obrigado a ser.
Como o senhor ganha a vida?
Como eu não sou comerciante, é
claro que não vendo sacramentos, não chantageio o dízimo, não peço esmolas,
porque meu Pai não é mendigo nem eu sou. Como aqui a sede do reino de Deus
formalizada pela Soust, então o reino de Deus vive sob a égide da providência
divina. Ele, o Senhor, o Altíssimo, é que inspira os filhos dele, que, quando
constatam a minha sinceridade, honestidade --por isso eu me exponho em qualquer
programa de mídia, para que o povo possa me examinar, me analisar--, daí eles
dão com a mão direita sem que a esquerda saiba quanto, como eu ensinei há 2.000
anos.
Tem medo dos humoristas no
"Fritada"?
Eu estou acostumado. Isso aí para
mim é um clubezinho, vou participar de um clubezinho. Porque eu sou
inatingível. Podem falar o que quiser. Faz de conta que está passando por uma
rua e alguém te chama por um nome pejorativo. Por exemplo, "seu
ladrão". Você vai olhar? Não vai. A não ser que tu sejas um ladrão. Então
assim é o Inri Cristo. Se alguém fala qualquer bobagem para mim ela não me
atinge. Se tiver muito perto é claro que eu geralmente coloco a pessoa no seu
devido lugar. "Bom, você está querendo atribuir a mim uma virtude que só a
ti pertence?" Pronto.
Com a corrupção em Brasília e no
resto do país, considera que só um milagre para resolver? Já pensou em se
candidatar?
O grande milagre será quando o
povo escolher devidamente os seus representantes. Eu nunca vou ser candidato a
nada, nunca. Eu já vim com um mandato de meu Pai. Mas estou dizendo que um dia
o povo vai resolver, exigir o direito dele de escolher e não vai precisar votar
obrigado. Porque na verdadeira democracia o voto é facultativo. Quando o povo é
coagido a votar em candidato que ele nem conhece, que ele não confia, então não
é democracia. No dia em que o povo adquirir o direito de votar devidamente no
candidato que ele escolher, daí muitas coisas mudarão. E também que Deus
inspire o povo a escolher o candidato devidamente, não porque [o candidato] deu
um presente, um sabonete, uma pasta de dente, um ingresso para ir a um show. Não.
O povo tem de escolher um candidato que ele vê que tem capacidade de fazer
alguma coisa para o país.
Quando começou a se considerar a
reencarnação de Jesus?
Desde criança eu obedeço a uma
voz imperiosa na minha cabeça, mas eu não sabia quem falava. Não dizia para
ninguém que eu seguia essa voz. Só em Santiago do Chile ela se revelou quando
me disse: "Eu sou o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó. Eu sou teu Senhor
e Deus, e tu és meu primogênito." Já percebeste que posso ser louco, mas
não sou bobo. Já percebeste, né? Loucura é diferente da demência. É a mãe dos
filósofos, dos profetas, dos inventores e dos grandes descobridores da
humanidade.
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